quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Fio de esperança

Juan Manoel Santos recebe o prêmio Nobel da Paz
Ao receber o Nobel da Paz, o presidente colombiano citou a letra de "Blowing in the Wind" do cantor Bob Dylan, vencedor do Nobel de Literatura, deste ano. "Quantas mortes serão necessárias até que se saiba que pessoas demais já morreram?”.
*Por Robson Paz

Robson Paz
O Prêmio Nobel da Paz está em boas mãos. O reconhecimento ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pelo acordo de paz assinado com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) não poderia acontecer em melhor momento. Não somente pelo documento que encerra oficialmente um conflito de 52 anos com mais de 250 mil vítimas. Isto em si, é algo extraordinário. Mais pelos gestos de solidariedade, que emocionaram o planeta, protagonizados pelo povo colombiano, após a tragédia com o vôo da Chapecoense, que vitimou 71 pessoas.

Da Colômbia partiram as manifestações humanitárias mais confortantes que uma cidade, um estado ou país em prantos poderia receber. A começar pela solidariedade de pessoas simples. Gente que se dispôs a levar água, alimentos, agasalhos para os hospitais. Era a forma que encontravam para estender a mão às vítimas.

A presteza e eficiência no resgate e atendimento médico aos sobreviventes. Trabalho reconhecido por todos, inclusive por eles e familiares. Dignas de aplausos atitudes humanas, como a do médico que hospedou parentes de um dos pacientes na própria casa.

No campo do esporte, a postura do Atlético Nacional, clube que disputaria a final da Copa Sul-Americana, em renunciar ao título em favor da Chapecoense foi algo espetacular. Feito que mereceu da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) reconhecimento ao conceder-lhe o “Fair Play” pela promoção do jogo limpo, da paz e da solidariedade.

O gesto do clube colombiano é pouco comum nestes tempos em que a “competitividade” e “lucratividade” se sobrepõem aos valores éticos, morais e humanos. Grandeza que os colombianos materializaram num dos mais belos espetáculos de solidariedade e amor ao próximo, protagonizado por milhares de pessoas que lotaram o estádio Atanasio Girardot e seu entorno, em Medellín.

Emoção que se espraiou por todo o planeta. De todos os campos de futebol brotaram as mais belas e variadas homenagens. No Brasil, torcidas de todos os clubes se abraçaram num só sentimento de comunhão. Na última rodada do Campeonato Brasileiro, todos os clubes homenagearam a Chape.

A rede solidária construída pós-tragédia mostra que podemos ter um mundo mais humano, em que prevaleça o respeito, a paz, a união, o amor.

Disputas, vitórias, derrotas, sempre vão existir. Contudo, jamais podem se sobrepor à vida. A ganância e a impunidade serão sempre adversárias dos valores que realmente importam.

Ao receber o Nobel da Paz, o presidente colombiano citou a letra de "Blowing in the Wind" do cantor Bob Dylan, vencedor do Nobel de Literatura, deste ano. "Quantas mortes serão necessárias até que se saiba que pessoas demais já morreram?”. Infelizmente, conhecemos a força solidária do povo colombiano num momento doloroso. Mas, o sentimento emanado por ele é um fio de esperança, de que o amor ao próximo é a semente para florescer um mundo mais fraterno, onde o ser humano tenha mais valor que as coisas e a coletividade seja capaz de vencer o individualismo.

* Radialista, jornalista. Subsecretário de Comunicação Social e Assuntos Políticos

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