quarta-feira, 19 de abril de 2017
Privilégios, contradições e injustiças
*Por Robson Paz
As imagens do cotidiano e das mansões dos delatores da Lava Jato divulgadas em rede nacional, no último domingo, 16, são um escárnio. Choca ver corruptores e doleiros responsáveis pelo desvio de bilhões de reais curtindo vida de príncipes em áreas nobres dos grandes centros do país. Privilégios que a maioria da população brasileira jamais usufruirá em toda a existência.
‘Condenados’ pela Justiça, entre 15 e 20 anos de prisão, cumpriram menos de três anos de sentença em regime fechado. Bastou que delatassem outros envolvidos e devolvessem parte das fortunas amealhadas com a corrupção para receberem o benefício da progressão de pena. Sabe-se lá em que termos legais.
No que diz respeito às delações parece que os critérios são ainda mais oblíquos. Mais que provas prevalece o denuncismo generalizado. A maioria procedente. Disto ninguém há de duvidar. Outros encontram na espetacularização midiática terreno fértil ainda que eivados de contradições.
Na última leva de delações dos corruptores da Odebrecht, pomposamente chamados pela grande mídia de ex-executivos, quase todo o alfabeto político do país foi mencionado. Entre estes o governador Flávio Dino. Reparem bem. O governador não é investigado. Mas, a simples citação foi suficiente para os chacais da mídia espetacularizarem o fato. Ainda que este seja carregado de contradições. O delator José de Carvalho Filho aponta suposta doação de caixa 2 para campanha em troca da aprovação de uma lei. Esta nunca foi votada. Muito menos recebeu qualquer parecer favorável de Flávio Dino, que ao contrário pediu arquivamento do projeto.
A primeira das incoerências diz respeito ao valor eventualmente repassado. No começo, R$ 400 mil, que depois o delator disse ter sido R$ 200 mil. Contudo, não apontou onde, quando, como, quem recebeu e qual era uma tal senha, que daria direito ao recebimento do recurso. Ora o depoente diz ter sido fruto de caixa 2 ora, doação legal. A contradição e conseqüente falsidade da acusação é corroborada pelo diretor do departamento de propinas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas, que jamais mencionou Flávio Dino em depoimento. Chega mesmo a desdenhar do PCdoB, partido do governador, por este pouco acrescentar aos interesses escusos dos corruptores.
O contraditório Carvalho diz que, no governo do Maranhão, Flávio Dino contrariou interesses da Odebrecht. A atuação rigorosa do Procon-MA em defesa dos direitos dos consumidores no abastecimento de água nos municípios de São José de Ribamar e Paço do Lumiar é prova concreta disto.
Num país aturdido por todo tipo de denúncia e injustiça foi muito bom ver o presidente Michel Temer num lampejo de honestidade afirmar que a presidente Dilma Rousseff foi cassada por não aceitar chantagens do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
É necessário separar o joio do trigo. Há políticos com desvios éticos e déficit de honestidade, mas empresários estão longe de ser anjos de candura, indefesos, nas mãos de servidores públicos malvados. É hora de acabar com a corrupção sim, mas também com os privilégios e as injustiças.
* Radialista, jornalista. Secretário adjunto de Comunicação Social e diretor-geral da Rádio Timbira AM.
Trabalhadores rurais ocupam sede do Incra na capital do Maranhão
Ocupação faz parte da Jornada de Lutas Nacional pela Reforma Agrária. (Foto: Alessandra Rodrigues/ Rádio Mirante AM) |
Cerca de 500 manifestantes pedem a desapropriação de terras para a criação de assentamentos no Maranhão. Mobilização integra Jornada de Lutas Nacional pela Reforma Agrária.
Famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam nesta terça-feira (18), a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em São Luís. De acordo com a coordenação dos manifestantes, cerca de 500 pessoas participam da ocupação, que faz parte da Jornada de Lutas Nacional pela Reforma Agrária.
O G1 tentou encontrar com a administração do Incra, mas as ligações não foram atendidas.
Em São Luís, o movimento pressiona para a desapropriação imediata de terras com o objetivo de criar assentamentos nos municípios de Imperatriz, Açailândia, Pindaré-Mirim, região do Mearim e do Médio Mearim e Itapecuru.
O MST reivindica também não a titularização dos assentamentos, exige do governo a retirada da Medida Provisória 759, e denúncia os ataques que vão em direção da privatização de lotes, na municipalização da Reforma Agrária, não a reforma da previdência, não terceirização.
Eles também reivindicam a liberação de crédito para os assentamentos e acampamentos nas regiões norte e nordeste do estado, assim como a criação de escolas do campo. Os trabalhadores afirmam que irão permanecer na sede do órgão até serem recebidas para discutir suas demandas com o superintendente e diretores do Incra.
Por G1 MA
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