quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Ex-governador Sérgio Cabral é preso pela PF na Zona Sul do Rio

Sérgio Cabral é preso pela Operação Lava Jato.

Do UOL, em São Paulo

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) foi preso pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (17) em seu apartamento, no Leblon, zona sul. Ele é alvo de dois mandados de prisão, um deles expedito pelo juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.
O outro mandado é do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio, e faz parte da Operação Calicute, um desdobramento da Operação Lava Jato, deflagrada pela PF junto com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal. A operação investiga o desvio de recursos públicos federais em obras realizadas pelo governo do Rio. O prejuízo estimado é superior a R$ 220 milhões.
Cabral é o segundo ex-governador do Rio preso em menos 24 horas. Ontem, a PF prendeu Anthony Garotinho (PRem uma investigação sobre esquema de compra de votos em Campos dos Goytacazes (RJ) comandada pelo Ministério Público Eleitoral.
Manifestantes que estavam na frente do edifício onde Cabral mora gritaram "ladrão" quando o ex-governador deixou o local em um carro da PF por volta das 7h. O UOLainda não conseguiu contato com a defesa do ex-governador,
Segundo a PF, 230 policiais federais cumprem 38 mandados de busca e apreensão, oito mandados de prisão preventiva (sem prazo), dois mandados de prisões temporárias (com prazo determinado) e 14 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levado para prestar esclarecimentos) expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Além disso, mais 14 mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva e um mandado de prisão temporária foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, de Moro.
Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo
Agentes da PF foram à casa de Cabral para prendê-lo
São investigados os crimes de pertencimento a organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros. Também participam das diligências dezenove procuradores do MPF e cinco auditores fiscais da Receita Federal.
No primeiro semestre, executivos da empreiteira Andrade Gutierrez relataram em delação premiada o acerto de propinas sobre obras de urbanização do conjunto de favelas de Manguinhos, além da cobrança de um percentual na obra de reforma do estádio do Maracanã.
De acordo com os ex-executivos, Cabral teria recebido R$ 60 milhões de propina na reforma do estádio que recebeu a final da Copa. O consórcio da obra teria sido definido em 2009, antes mesmo da licitação. O custo foi de R$ 1,2 bilhão.
O ex-governador também foi acusado de pedir dinheiro em obras sem participação direta do Estado. Segundo Rogério de Sá, um dos delatores, ele pediu 1% pelas obras de terraplanagem do Comperj, em Itaboraí, na região metropolitana do Rio. Cabral sempre negou as acusações.
Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo
Durante a prisão de Sérgio Cabral, muitas pessoas se reuniram na porta do edifício do ex-governador

Quem é Sérgio Cabral

Liderança do PMDB no Rio, Cabral foi eleito governador do Estado em 2006 e reeleito quatro anos depois. Antes, havia sido deputado estadual --chegou a presidir a Assembleia Legislativa do Rio-- e senador fluminense.
Ganhou força à frente do Executivo principalmente pela implementação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), a partir de 2008, projeto que consiste na ocupação policial das comunidades dominadas pelo tráfico de drogas. O programa cresceu e se expandiu, mas começou a enfrentar problemas na metade do segundo do mandato do ex-governador.
Além do constante cenário de crise na segurança pública, Cabral teve sua imagem seriamente afetada por sucessivas denúncias e escândalos de corrupção. A relação dele com empresários do ramo da construção civil, sobretudo o dono da Delta Construções, Fernando Cavendish, foi investigada --em julho desse ano, o empreiteiro acabou sendo preso pela Polícia Federal na Operação Saqueador.
Outro duro golpe que arranhou a reputação de Cabral foi o sumiço do pedreiro Amarildo de Souza, em 2013, após ter sido levado por PMs da UPP Rocinha, favela da zona sul carioca, à base da unidade. O desparecimento e morte presumida do morador da comunidade virou uma bandeira das manifestações contra a gestão do político.
Em 2014, seu último ano de mandato, Cabral renunciou ao cargo a fim de abrir espaço para o então vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Na época, seu nome chegou a ser cogitado pra disputar a Presidência.
pesar da impopularidade do antecessor, Pezão foi reeleito governador do Rio em 2014, ano no qual o Estado já enfrentava reflexos da crise financeira que chegaria ao ápice nos anos seguintes.
Atualmente, dada a agonizante situação das finanças fluminenses, o Executivo tenta aprovar um conjunto de medidas de austeridade por meio de um projeto de lei, que foi apelidado de "pacote das maldades". Entre as propostas, estão cortes de gastos, extinção de programas sociais, aumento de impostos e elevação na contribuição previdenciária dos servidores públicos.

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